quinta-feira, 21 de abril de 2011

Miopia





Aleluia! Procuro em mim
Uma parte que nunca tenha doído,
Não encontro,
Na verdade o que doía eram
As ilusões que se agarravam
Aos sonhos impossíveis,
O confronto dói,
O que se faz de sonso,
Mais ainda,
O adulto não tem muito tato
Com a menina
Que espera crescer,
As dores foram caminhos
À maturidade,
Sem pena,
Vivendo a cena que nunca houve ensaio
Assim fui crescendo,
Fui nascendo ao que sou hoje,
O que restou foi o sonho
Mais tranqüilo,
A visão sem muito alarde,
A vontade enriquecida
Na Poesia que nasce
Vertendo esperança
Na criança que nunca se deixou morrer,
Já não aceito o que a infantilidade
Vê como saída,
Há sempre um rumo
Onde o adulto pode caminhar livremente
Sem medo das correntes imaginárias
Que antes serviam de escravidão,
Ah, não!
Estou em outra fase,
Hoje tenho outra idade,
Já não posso me dar ao luxo,
Ou ao desprazer, que seja,
De dar nó em pingo d’água,
Já não chamo de coragem
A falta de sabedoria de uma época
Em que a miopia
Não permitia
Que eu enxergasse quem realmente
Eu era.

Teônia Soares

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